terça-feira, 31 de maio de 2016

MÍDIA INTERNACIONAL DETONA GOVERNO TEMER: ‘MANCA DE UM ESCÂNDALO A OUTRO’

Queda do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, após a divulgação de uma nova leva de áudios de Sérgio Machado, causa repercussão negativa na imprensa estrangeira; para o The New York Times, jornal mais influente do mundo, a demissão do segundo ministro de Michel Temer em menos de 20 dias "desferiu outro golpe contra um governo que parece estar mancando de um escândalo a outro"; o inglês The Guardian avalia que "a reputação do novo governo interino deslizou de frágil para burlesca" após o episódio; já para o argentino La Nación, "o desgaste político do governo interino se acelera a um ritmo vertiginoso"...

SUPERDELAÇÃO DA ODEBRECHT DEVE ATINGIR 50 POLÍTICOS

Empreiteira comanda por Marcelo Odebrecht, preso há quase um ano, formalizou sua delação premiada na última quarta-feira, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo; empresa se comprometeu a detalhar o financiamento de todas as campanhas recentes que financiou, o que atinge tanto a chapa Dilma-Temer como Aécio-Aloysio, na disputa presidencial de 2014; além disso, o pai de Marcelo, Emílio Odebrecht, também deve participar das delações; ao todo, devem ser citados cerca de 50 políticos, de partidos como PT, PMDB e PSDB...

segunda-feira, 30 de maio de 2016

CAI FABIANO SILVEIRA, A SEGUNDA BAIXA DE TEMER EM 17 DIAS DE GOVERNO

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, entregou na noite desta segunda (30) a carta de demissão do cargo; a decisão do ministro foi tomada após a enorme repercussão negativa da divulgação de sua conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR); "Jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos", diz Fabiano na carta; inicialmente, Temer havia avaliado que o caso de Fabiano era “menos grave” que o do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi o primeiro a deixar o governo, também por conta das gravações de Sérgio Machado; durante toda esta segunda, servidores do Ministério da Transparência protestaram contra a permanência de Fabiano Silveira; a Transparência Internacional, organização não-governamental de combate à corrupção em todo o mundo, divulgou nota pedindo a exoneração do ministro; a  Globo chegou a produzir um editorial pedindo a cabeça do agora ex-ministro...

domingo, 29 de maio de 2016

“O LULA CHORA. ELE CHOROU, SIM, E FICOU MUITO TRISTE QUANDO EU SAÍ”

Na entrevista que concedeu à jornalista Mônica Bergamo, a presidente Dilma Rousseff nega que o ex-presidente Lula esteja deprimido, como afirmou José Sarney, na conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado; de acordo com Dilma, Lula chora porque "é uma pessoa com fortes emoções"; "O Lula chora porque tem dor. Ato contínuo, ele se recupera e enfrenta a vida. Que Lula tá com olho inchado de chorar, o quê!", afirma; questionada se não teria sido melhor ter cedido o lugar para que Lula fosse candidato à Presidência em 2014, a presidente cita a escritora Barbara Tuchman: "A Barbara Tuchman escreveu um livro fantástico, "A Marcha da Insensatez". A insensatez só é insensata quando você percebe que isso pode ocorrer e insiste. Não vale a pena olhar para trás, com tudo já passado, e falar "tinha de ser assim"", diz; Dilma também sai em defesa do Bolsa Família e defende a criação de impostos ao invés de cortes em investimentos sociais...

sábado, 28 de maio de 2016

MCMV PERDE SUBSÍDIOS E MUDARÁ DE NOME

O governo interino de Michel Temer (PMDB) decidiu acabar com os subsídios concedidos aos mutuários mais pobres do Minha Casa Minha Vida; o programa habitacional deixará de receber recursos do Tesouro Nacional, para subsidiar as famílias enquadradas na faixa 1 (renda de até R$ 1.800) e na faixa 2 (até R$ 3.600); além disso, o programa, uma das marcas dos governos Lula e Dilma, mudará de nome; diante das restrições no Orçamento da União, a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida está sendo totalmente reformulada pelo Ministério das Cidades e deverá ser relançada com uma meta menos ousada, de até 1,5 milhão de unidades nos próximos três anos, metade do que foi prometido pela presidente Dilma Rousseff na campanha de 2014; o "relançamento" do programa, como política habitacional do governo Temer, só ocorrerá se o afastamento definitivo da presidente for aprovado pelo Senado, para evitar atritos com parlamentares; a senadora Gleisi Hoffmann (PT) criticou o corte no programa: "O subsídio é a essência do programa. Além de retirar das pessoas o acesso à moradia será um desserviço ao desenvolvimento da economia local. O programa gera milhares de empregos. É para isso que está servindo o impeachment"...

sexta-feira, 27 de maio de 2016

ATÉ VEJA ADMITE QUE DILMA FOI VÍTIMA DE CONSPIRAÇÃO

"As gravações de Romero Jucá – e de Renan Calheiros e José Sarney – não são má notícia para Temer apenas porque perdeu um ministro importante. São má notícia porque sugerem que sua ascensão ao Palácio do Planalto decorreu de uma conspiração para parar a Lava-Jato. Jucá falou disso com clareza", diz reportagem da edição deste fim de semana da revista; para a publicação, Dilma tentou, mas não conseguiu conter a operação – o que sugere que Temer talvez tivesse força para fazê-lo; interino foi também cobrado a demitir Henrique Eduardo Alves, ministro do Turismo citado nas investigações, e a se afastar de Eduardo Cunha, como se isso fosse possível...

quinta-feira, 26 de maio de 2016

DEUTSCHE WELLE: CRISE DE TEMER PODE TRAZER DILMA DE VOLTA

A Deutsche Welle registra que a crise do governo Temer, que “busca urgentemente um salvador”, é tão grande que pode acontecer o que antes era impensável: a volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto; a reportagem destaca que “um em cada dois membros do Congresso está envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras, assim como o vice-presidente Michel Temer é suspeito de ter recebido subornos”; o serviço em português da agência alemã Deutsche Welle traz uma análise sobre o que o que muda na política externa brasileira para os países vizinhos; segundo o texto, o Itamaraty comandado por José Serra deve reforçar parcerias com Argentina e México e flexibilizar Mercosul; também relata que a relação com “países bolivarianos” será menos estreita e mais pragmática...

quarta-feira, 25 de maio de 2016

DILMA DENUNCIA “MAIOR RETROCESSO DA EDUCAÇÃO”

Presidente afastada Dilma Rousseff participou, ao lado do ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de nova conversa no Facebook, desta vez sobre os impactos das medidas anunciadas pelo presidente interino, Michel Temer, para a Educação; Dilma destacou que as consequências do limite de gastos indexado à inflação e a desvinculação de receitas serão "muito graves" para a área; "Se tivesse sido adotada nos últimos 10 anos de governo Lula e Dilma, a medida proposta de reajustar os recursos para educação e saúde pela inflação do ano anterior, nós teríamos tido uma perda da ordem de R$ 500 bilhões", disse; "Portanto se for adotada será o maior retrocesso da história da educação brasileira desde a constituição de 1988. Por isso eu insisto, em vez de ordem e progresso, nós teremos desordem e retrocesso", denunciou a presidente...

GRAVADO, RENAN DIZ: "TODOS ESTÃO PUTOS COM ELA"

Em conversas com Sérgio Machado, o ex-presidente da Transpetro que também gravou Romero Jucá, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), dizia ser inviável a permanência da presidente Dilma Rousseff no poder; "todos estão putos com ela", afirmou, em referência aos ministros do STF; nos áudios, Renan também defendeu mudanças nas leis das delações premiadas e disse que o senador Aécio Neves estava com medo; "Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", contou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano...

terça-feira, 24 de maio de 2016

MP DESMENTE VEJA SOBRE CASO LULA NA ÁFRICA

Em nota oficial, o Ministério Público Federal (MPF) desmentiu informação publicada pela revista Veja, que acusou o ex-presidente Lula de receber benefícios por meio de contratos assinados em Angola entre a Odebrecht e seu sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos; "Ao contrário do que afirma a reportagem Conexão África, publicada pela Revista Veja (edição 2479), o procurador da República Ivan Cláudio Marx jamais afirmou que "é muito clara" a participação do ex-presidente Lula em um esquema para beneficiar a empresa Odebrecht junto a agentes públicos estrangeiros e ao BNDES"; MPF aponta ainda que o procurador falou à Veja antes da Operação Janus, deflagrada na última sexta-feira (20) e que não teve como foco o personagem Taiguara dos Santos...

A segunda onda da crise

Hoje é que será possível tomar o pulso do Congresso em relação ao desvelamento do que nunca esteve realmente oculto, a verdadeira razão do impeachment: afastar Dilma para que Temer assumisse e promovesse um acordão que estancasse a sangria dos políticos pela Lava Jato...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

STF SÓ TEM UMA SAÍDA: ANULAR O IMPEACHMENT

Há duas semanas, quando o então ministro José Eduardo Cardozo pediu que o Supremo Tribunal Federal anulasse o impeachment, alegando que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) agiu com desvio de finalidade, o ministro Teori Zavascki negou a liminar, alegando que seria impossível provar as intenções do então presidente da Câmara; agora, no entanto, a questão é objetiva – e não mais subjetiva; Romero Jucá confessou que a motivação do impeachment era trocar o governo para deter a Lava Jato e salvar uma elite política corrupta, num acordo que envolveria integrantes do próprio STF; depois da bomba atômica desta segunda-feira, que provocou a demissão do próprio Jucá, só há uma saída: anular um impeachment com desvio de finalidade comprovado...

Vazamento das conversas de Jucá e de Lula escancara manobras do golpe


A República dos Ladrões ri dos seus apoiadores

O Brasil sabotado e entregue a uma camarilha de oportunistas que busca, no curto prazo, jogar o Brasil na estrada dos tucanalhas e retroceder socialmente esse país em mais de 30 anos...

GRAVAÇÃO COM JUCÁ REVELA QUE IMPEACHMENT FOI PACTO PARA DETER A LAVA JATO

Em diálogos gravados em março, semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos;"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá; ele fala em construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo"; Machado concorda: "aí parava tudo"; eles disseram ainda que a operação era uma ameaça tanto para PMDB como para o PSDB e que o único empecilho era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha: "Michel é Eduardo Cunha"; diálogo parece confirmar a tese do escritor Miguel Sousa Tavares de que o impeachment foi uma "assembleia de bandidos, presidida por um bandido, para afastar uma mulher honesta"...

sábado, 21 de maio de 2016

‘SERRA AGE CONTRA O INTERESSE NACIONAL AO COMBATER ERA LULA’

Avaliação é do editor de uma das principais revistas dedicadas a relações internacionais do mundo, a Foreign Policy, David Rothkopf; "Se Serra acha que reformar a política externa é desfazer o que o Lula fez, ele não está agindo em nome dos interesses do Brasil", disse ele em entrevista à BBC Brasil, em referência à possibilidade de fechamento de embaixadas abertas em gestões anteriores; novo chanceler, José Serra tem feito críticas ao que chama de partidarismo da política externa do governo do PT e pediu estudos de custos de embaixadas em países da África e do Caribe; para Rothkopf, Lula "fez mais para aumentar o peso do Brasil no cenário mundial do que qualquer presidente do Brasil"...

sexta-feira, 20 de maio de 2016

BARREIRA MILITAR DE ACESSO AO ALVORADA INDICA RECEIO DE TEMER COM 54 VOTOS

A denúncia feita ontem pelo senador Jorge Viana (PT-AC), de que o presidente interino Michel Temer impôs uma barreira de acesso militar a todas as pessoas que se dirigem ao Palácio do Alvorada, onde reside a presidente afastada Dilma Rousseff, revela que o jogo do impeachment ainda não está decidido; ao controlar quem entra e sai do Alvorada, o Gabinete de Segurança Institucional, ligado a Temer, fica sabendo, por exemplo, se Dilma se encontrou com senadores insatisfeitos com os rumos da administração Temer; o vice conseguiu 55 votos na votação da admissibilidade do processo de impeachment e precisa de 54 para conseguir uma vitória definitiva no julgamento final; há, no entanto, parlamentares que já admitiram mudar o voto; ontem, tanto Jorge Viana como o próprio presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), tiveram acesso ao Alvorada controlado por militares...

terça-feira, 17 de maio de 2016

PARLAMENTARES ESTARIAM ARREPENDIDOS DE VOTOS PRÓ-IMPEACHMENT

Não é um nem são dois parlamentares que já manifestam arrependimento pelo voto favorável ao afastamento da presidente Dilma; deputado Adail Carneiro (PP-CE) teria se arrependido e revelado que sabe da inocência da presidente; caso parecido é o da deputada Iracema Portella (PP-PI); "Estou meio chateada, estou superchateada, porque a gente sabe que a presidente Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade"; Cristovam Buarque (PPS-DF) e Romário (PSB-RJ) criticaram a ausência de mulheres e a extinção do Minc, respectivamente...

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Xadrez dos primeiros dias do governo interino

Coluna Econômica - 16/05/2016

Luis Nassif

Castello Branco foi um interino com agenda. Havia um enorme acervo de projetos de reformas que não avançavam devido à crise política; e um receituário liberal engasgado na visão mais intervencionista de Jango.
Superado o nó político – à custa das baionetas -, as reformas foram destravadas. Criou-se o Banco Central, reformou-se o mercado de capitais, seguiram-se as reformas fiscal e trabalhista, o sistema de minidesvalorizações cambiais e até o Estatuto da Terra, que acabou abandonado mais à frente.
Michel Temer assume um interinato sem projeto. E, pelo visto, sem noção mais clara sobre as características de cada Ministério e dos programas em andamento. A redefinição administrativa visou muito mais distribuir o botim para os vitoriosos do que atender a uma lógica administrativa eficiente.
Para um interinato eficaz, seriam necessárias duas pré-condições:
1.     Um plano de ação amplo, com visão clara de país e da função de cada Ministério, inclusive com análise prévia dos projetos que se pretende manter e daqueles para se implementar.
2.     Um mapeamento das inter-relações entre Estado e grupos sociais e econômicos representados na máquina pública, de minorias, movimentos sociais a segmentos empresariais.
A partir daí, montar uma estratégia para reduzir o desgaste político tanto interna quanto internacionalmente decorrentes do processo de impeachment.
Pelo aperitivo da primeira semana, o grupo que tomou o poder é jejuno em políticas públicas, desinformado sobre a estrutura do Estado e, mais ainda, sobre a nova estrutura social brasileira e sobre o papel da opinião pública globalizada.
Não possui a retaguarda de intelectuais capazes de fornecer a narrativa básica para, a partir dela, detalhar as propostas de cada Ministério.
A frente internacional
O mais influente jornal do mundo, o New York Times, condenou o golpe. Há uma imagem de truculência nos conquistadores. Um comando racional definiria uma estratégia de distensão visando a opinião pública internacional.
A consolidação da imagem de truculência trará consequências ruins para o governo interino e, pior, para o país.
No entanto, no seu primeiro ato como Chanceler, José Serra emite uma nota sem o menor verniz diplomático, contra vizinhos que condenaram o golpe. E, pelas informações divulgadas, a nota foi endossada e completada pelo próprio presidente interino.
Será que não havia um conselheiro diplomático para opinar?
A diplomacia exige conhecimento prévio, tato, cuidado para se inserir nos grandes temas internacionais, estilo sóbrio nas notas diplomáticas. Há uma disputa entre países para conquistar cargos e funções nos grandes organismos multilaterais.
O grande trunfo brasileiro foi apresentar-se como líder do Mercosul, articular o grupo dos 20, avançar na OMC (Organização Mundial do Comércio), junto aos BRICs, à China. O país saiu da crise de 2008 com um protagonismo internacional inédito.
Esse protagonismo se deveu a uma política de não-alinhamento com nenhuma das potências, visando tirar o melhor proveito da disputa entre elas – o que Getúlio Vargas fez magistralmente nos anos 30 e 40 – e da capacidade de se comportar civilizadamente nos fóruns internacionais e nas relações bilaterais.
Hoje em dia, há um conjunto de temas aguardando definições, as relações com a China, as novas relações com os Estados Unidos, o banco dos BRICs. Internamente, uma questão explosiva: a tentativa de alguns setores de criminalizar estrangeiros que tenham atuação política – e incluíram nessa categoria a mera participação em passeatas e em redes sociais. Além do despautério de confundir manifestação de opinião com militância partidária, arrisca-se a penalizar um segmento de altíssima qualidade intelectual que veio melhorar a inteligência média brasileira.
Serra preferiu estrear mostrando altivez contra... Bolívia e Venezuela e definindo como temas prioritários a vigilância das fronteiras e o combate ao narcotráfico.
As frentes sociais e econômicas
Até então, o país estava dividido entre petistas, democratas (defensores da democracia não necessariamente alinhados com o PT) e anti-petistas, estes compondo uma frente única.
Nas mudanças ministeriais, foram atingidos diversos segmentos de classe média, ampliando a frente crítica ao governo interino.
·      Não foram escolhidas mulheres, indispondo o governo interino com amplos segmentos militantes. Abriu mão, inclusive, da lealdade, idoneidade intelectual e coerência política da aliada de primeira hora, Martha Suplicy.
·      Acabou com o Ministério da Cultura, ampliando a oposição dos artistas em geral e não levando em conta a enorme importância da indústria cultural na nova economia.
·      Retribuiu o enorme apoio empresarial recebido abrindo mão de Armando Monteiro no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) por um Ministro totalmente jejuno em questões industriais.
·      Indispôs-se com o setor de educação, não apenas o público como as ONGs bancadas pelo setor privado, rompendo com uma política de anos de interlocução entre ambos visando o aprimoramento da educação para abrigar um aliado político sem familiaridade com o tema.
·      Juntou Comunicações com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ambos tratando de temas distintos. Desconsiderou não apenas o meio acadêmico, a relevância dos programas em andamento, e todas as associações empresariais e grandes grupos integrados em programas de inovação.
·      Jogou o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), ambos tratando de temas totalmente distintos. Além disso, colocou no MDS um notório crítico do Bolsa Família.
·      Rebaixou todas as Secretarias ligadas a grupos sociais, inclusive a de Pessoas Com Deficiência e outras, sem nenhum viés ideológico.

·      Juntou a área de benefícios e atestados da Previdência com o Ministério da Fazenda e o INSS para o MDS. Qual a lógica?
Esses movimentos induziram a uma nova distribuição da opinião pública, com um forte segmento de classe média moderna nos grandes centros – em geral refratárias ao PT, sendo a base do público da grande mídia – alinhando-se à frente anti-Temer.
Muito mais rapidamente do que sugeriria a prudência, vai-se definindo um perfil restrito de governo, ligado aos grotões e aos movimentos religiosos conservadores.
A estratégia econômica
Na sua primeira coletiva, o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles deu uma estupenda aula de generalidades e irrelevâncias.
Chegou a defender até a imposição do orçamento público nominal (sem correção dos valores pela inflação média).
No que interessa, anunciou as seguintes intenções:
Recriação da CPMF – não se tem saída fiscal imediata sem a CPMF. Mas como ficarão todos os setores que deblateraram contra a CPMF e utilizaram a proposta como álibi para a desestabilização do governo Dilma?
Idade máxima para aposentadoria – vale como sinalização de longo prazo. Abriu-se mão da discussão no conselho de capital e trabalho que já vinha discutindo o tema. E a proposta é apresentada pelo Ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Imediatamente foi torpedeada pelo único representante de trabalhadores na frente pró-Temer: Paulinho da Força.
Enfim, a primeira semana mostrou ampla descoordenação do governo interino. Não há um fio condutor das ações.
Nas próximas semanas pode ser que se acertem as arestas. Ou pode ser que não.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cunha morreu, Temer agoniza, Dilma renasce

Max Weber dizia que o Estado tem o monopólio do uso legítimo da força.
Entretanto, o governo sem voto que sucede a presidenta eleita não têm legitimidade alguma. Falta-lhe a credibilidade que só o voto soberano do povo pode conferir...

terça-feira, 10 de maio de 2016

O xadrez do piriri da bailarina

Coluna Econômica - 10/05/2016

Luis Nassif
O quadro do impeachment parece quase consumado. O quase atrapalha o golpe. E, em um país em que o presidente da Câmara toma a decisão monocrática de barrar o impeachment e, antes de terminar o dia, volta atrás, tudo é possível.
Há as seguintes contra-forças se formando, crescendo, mas ainda insuficientes para reverter o processo.

1. O cenário econômico

Departamentos econômicos já identificaram potencial de crescimento no país. O país cresce abaixo do chamado PIB potencial. Isso é decorrência de um superdimensionamento da crise por parte dos empresários. Com um mínimo de previsibilidade, o país retoma o crescimento, primeiro pela recuperação dos ativos, segundo pelo uso da capacidade ociosa das empresas.
Essa recuperação poderá ser puxada pela redução da inflação, à qual se seguirá uma queda de juros. Economistas bem situados estão apostando em taxa Selic abaixo de 10% no próximo ano.
Mesmo assim, será uma recuperação em bases tímidas, devido à perda de dinamismo da economia internacional.
O fator previsibilidade pesará no desfecho da tentativa de impeachment de Dilma. Mas, no momento, nenhuma das duas saídas possíveis – governo com Temer ou a volta do governo para Dilma – parece acenar com estabilidade.

2.  A governabilidade com Temer.

Fantasia são as utopias criadas em torno de algo que nunca foi. É como a bailarina de Chico. Todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina, e tem piriri, tem lombriga, tem ameba: só a bailarina que não tem
Até agora, o governo Temer era a bailarina da música, perfeito porque inexistente. Na medida em que começa a ganhar corpo, o que se vê é um noivo um tanto problemático, com muita pereba e remela no nariz.
O impedimento de Eduardo Cunha significou a perda do maior articulador de que Temer dispunha. As dificuldades para a montagem do Ministério, os dilemas entre o clientelismo e o nunca visto Ministério de notáveis, os passos em falso, os recuos, são prenúncios óbvios dos tropeços que aguardam um eventual governo Temer.
Além disso, a Lava Jato prosseguirá no seu encalço. Será quase impossível que Temer saia incólume das investigações em curso. Se assume, dificilmente chegará inteiro a 2018.

3. A governabilidade com Dilma

Há duas verdades cristalinas: a primeira, que o impeachment é golpe; a segunda, é que não haverá a menor chance para a governabilidade no modelo Dilma de gestão.
O impeachment perderia força definitivamente no âmbito de um pacto negociado, no qual a presidente abrisse mão de poder, permitindo a montagem de um arco amplo de aliança tocado por um Ministério efetivamente de notáveis.
Se a presidente conseguisse avançar nessa direção, aumentaria as chances de reversão do impeachment, porque há outras forças caminhando nessa direção.

4. O enfraquecimento dos álibis de consciência.

Trata-se das desculpas que o sujeito levanta para justificar um ato ilegítimo. No plano político, a mais conhecida é a desculpa de que se implantou a ditadura para preservar a democracia.
Especialmente no meio jurídico começa a se formar consenso sobre o estupro da Constituição com o processo de impeachment. As exaustivas sessões na Câmara e no Senado expuseram de forma ampla a precariedade dos argumentos levantados, o excesso de argumentos tentando contornar a falta de consistência das acusações centrais. E, principalmente, a extraordinária desproporção entre as supostas infrações e o tamanho da pena aplicada, que desmoraliza completamente a democracia brasileira.
Gradativamente, o fator Dilma – e seus erros – saem de cena para a discussão focar no fundamental: os significados do impeachment para a democracia brasileira. E aí o quadro torna-se desmoralizante.
O fator Congresso – o espetáculo dantesco da turba de parlamentares berrando SIM entrou definitivamente para os anais da história política do país. Não apenas pela selvageria do momento, mas por deixar claro o perfil dos beneficiários da queda de Dilma.
O fator Janaína – o pocket-show de Janaina Paschoal no Senado reforçou a ideia da precariedade dos argumentos em defesa do impeachment e do nível dos principais proponentes.
O fator internacional – Juristas do mundo inteiro estão tomando consciência e denunciando o golpe, assim como a própria mídia internacional. Nesse sentido, os alertas do ex-Ministro Joaquim Barbosa sobre os riscos para a imagem institucional do país foram relevantes. Não é apenas a imagem do Brasil que está em jogo, mas especialmente do Supremo, guardião da Constituição.
Ontem, a visita do presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Supremo expôs mais uma vez os riscos de imagem que correm o país e o próprio STF, se permitir atropelar os ritos previstos para o impeachment.

5. O fator Supremo e PGR

Há uma tentativa em curso de reverter o impeachment no STF (Supremo Tribunal Federal). Para um bom número de Ministros ficou claro a temeridade de ter permitido que o impeachment caminhasse da maneira como andou, colocando o país nas mãos de um agrupamento de deputados liderados por um gângster político.
O caminho para barrar essa aventura seria através da interpretação da Lei do Impeachment, de 1950, e das deliberações da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Pode-se vetar o impeachment na forma – por ter desobedecido às condições definidas em lei e pela Corte, para os processos de impeachment. E também no conteúdo, entrando-se no mérito do que foi imputado a Dilma como crime de responsabilidade.
Trata-se de uma estratégia complexa que passa, primeiro, pelo convencimento da maioria dos membros do STF. Além disso, os processos internos sempre estarão sujeitos às manobras de outros Ministros – como o de pedir vistas indefinidamente.
Não se pode ignorar, por outro lado, o protagonismo cada vez mais radicalizado do Ministério Público Federal. Com exceção provável de Aécio Neves, o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot ampliará seus tiros em cima de todos os políticos relevantes do PT – incluindo a presidente e Lula - e do PMDB – incluindo Renan e Temer.
Mesmo assim, é possível que os Ministros legalistas do Supremo ousem a última tentativa de impedir o golpe nos próximos dias.

6. Resultantes

Muita água ainda vai rolar, muita crise política vai acontecer. Pelas dificuldades em se consolidar tanto um eventual governo Temer como um governo Dilma, o que se pode apostar – neste momento, saliente-se – é um recrudescimento da crise política e um desfecho que poderá antecipar as eleições gerais.

OEA REITERA: PROCESSO CONTRA DILMA É GOLPE

No Brasil para participação de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e para reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, foi novamente categórico sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff: é golpe; ao lado do presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Caldas, ele critica a falta de base jurídica e a antecipação de votos que permeiam o processo; segundo Almagro, os países sul-americanos enfrentaram ditaduras militares e são hoje conscientes da importância das regras democráticas; os eleitores, frisou, devem ter garantia de liberdade para exercerem sua expressão pelo voto e os políticos, a máxima garantia para serem eleitos e cumprirem seus mandatos: "No sistema presidencialista, existe um contrato entre as pessoas e o presidente eleito. Isso tem que ser respeitado, com a máxima certeza jurídica que embasa a democracia, para garantir o cumprimento desse mandato"...

segunda-feira, 9 de maio de 2016

MARANHÃO ANULA SESSÃO QUE APROVOU IMPEACHMENT

Presidente em exercício da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PMDB-MA) acaba de anular a sessão que autorizou o impeachment na Casa, realizada no dia 17 de abril; o parlamentar atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), apresentada pelo ministro José Eduardo Cardozo, e convocou uma nova sessão, a acontecer daqui cinco sessões; entre os pontos alegados pela AGU estão o de que na votação de impeachment não cabe antecipar votos e nem orientação de bancadas; decisão já foi informada ao Senado...

Xadrez do governo Temer e o fator militar

Coluna Econômica - 09/05/2016

Luis Nassif

Peça 1 – o contexto civil

Tem-se de um lado a completa desarticulação das instituições civis, uma irresponsabilidade ampla e generalizada em relação ao cargo de presidente. Enfraquecida, a presidência passa a ser atacada por enxames de aves predadoras até estar prestes a ser apeada do poder, em favor de um vice-presidente de escassa legitimidade, com a falência dos sistemas de mediação, a começar do STF (Supremo Tribunal Federal).
Esse vácuo de poder cria uma corrida das corporações públicas para ampliar seu espaço no Estado. Ministério Público e Tribunais de Conta ampliam em cima da missão do combate à corrupção. O Poder Judiciário amplia porque é poder.
É nesse quadro que se insere a corporação militar. Com a diferença, que é uma corporação armada e precisa encontrar um tema legitimador.

Peça 2 – o contexto militar

Nos últimos anos, beneficiadas pelos ventos favoráveis da economia e quando parecia que o país começava a desenvolver um projeto autônomo, as Forças Armadas pareciam ter encontrado o lugar de suas congêneres em todas as médias potências. De um lado, avançaram em projetos de aperfeiçoamento tecnológico, desde o reaparelhamento da Força Aérea ao submarino nuclear, de mísseis a sistemas de radares. E a missão parecia claramente delineada em defender a Amazônia verde, a chamada Amazônia azul e as fronteiras.
Agora, o jogo começa a mudar. A crise fiscal e o desmonte da estrutura de empresas associadas acenam com a escassez de verbas. A geopolítica, por trás da Lava Jato e do projeto PMDB-PSDB, remete de novo para o papel de potência auxiliar da diplomacia norte-americana.
Mas com o vale-tudo corporativo instituído, começam a aparecer os planos de devolver algum protagonismo político às Forças Armadas, a exemplo do ativismo atual do MPF, do TCU e das demais corporações de estado. Com a diferença que se trata de uma corporação armada.
Mas qual a missão legitimadora nesses novos-velhos tempos?

Peça 3 – o governo Michel Temer

Consumado o golpe, Michel Temer assumiria a presidência em um quadro de ampla instabilidade política, agravado pela perda de seu mais eficiente operador, Eduardo Cunha.
Não haverá como se apresentar à opinião pública com um ministério de notáveis. Por outro lado, para dar conta dos compromissos firmados com o mercado, terá que recorrer a medidas fiscais drásticas, ampliando a reação dos movimentos sociais e o mal-estar geral. E não terá recursos para manter os programas de renovação das Forças Armadas.
É aí que se junta a Peça 3 com a Peça 2: identificação de um novo inimigo interno e externo que justificasse a volta do protagonismo político.
Do lado de Temer, uma das maneiras de desviar o foco das críticas seria a criação do inimigo interno. Nos últimos anos, uma certa imprensa de ultradireita recriou versões tupininquins da Guerra Fria, com pirações de toda ordem – como a invasão das FARCs, a aliança com as forças bolivarianas. A tentativa de recriação da legitimidade política das Forças Armadas passa por aí.

Peça 4 – as cassandras de volta aos quarteis

A maneira dos militares voltarem para a política seria através da recriação de uma estrutura militar de controle no governo federal, mas diferente do extinto GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) e mais próximo do SNI (Serviço Nacional de Informações) e da segurança presidencial.
Quem está à frente dessas articulações é o general Sérgio Etchegoyen, chefe do Estado Maior do Exercito Brasileiro e de uma família que faz parte da própria história do Exército.
O meio campo com o governo Temer está sendo articulado pelo filósofo Denis Rosenfield, articulista do Estadão e colaborador do Instituto Milenium. Denis é amigo de Etchegoyen, provavelmente devido à mesma origem gaúcha, foi indicado assessor de Temer e há indícios de que mantem contatos com governos estrangeiros.
No dia 22 de abril, por exemplo, encontrou-se com Etchegoyen no Centro Brasil 21, em Brasília. Dois dias antes, a pedido de Etchegoyen, agendou jantar na residência do general com os comandantes da Marinha e da Aeronáutica. A intenção era montar uma frente que forçasse Temer a assumir compromisso de nomear um militar para o Ministério da Defesa. O indicado seria o general Joaquim Silva e Luna, Secretário Geral do Ministério do Exército.
Além disso, se tentaria arrancar de Temer o compromisso de assegurar a permanência dos comandantes em seus postos, recriar o Gabinete de Segurança Nacional, sob a chefia do general Etchegoyen, e colocar Denis na Secretaria de Comunicação da Presidência. Para o lugar de Etchegoyen iria o General Mourão, de pensamento similar.
Antes do jantar, Denis vazou para o Estadão matéria sobre a manutenção dos três comandantes, criação do GSI e controle da inteligência. A intenção foi criar um fato consumado para Temer.
Segundo oficiais críticos da proposta, nem Marinha em Aeronáutica compactuaram com a ideia de retorno ao cenário político.
No último domingo Etchegoyen encontrou-se com Temer, para tentar impor a criação do gabinete. Os argumentos de pressão são os riscos de perda de controle dos movimentos sociais, ameaças bolivarianas de governos vizinhos.  Na terça passada, foi a vez do general Eduardo Villas Bôas visitar o vice no palácio Jaburu.
Há relatos de consultas a alguns governos estrangeiros, visando ganhar apoio para a proposta. Provavelmente, entra aí o fator Boeing, a anulação da compra de jatos da Suécia

Peça 5 – a indicação do Ministro da Justiça.

A Lava Jato conseguiu afastar do Ministério da Justiça o criminalista Antônio Mariz de Oliveira, um militante histórico da humanização das prisões. Para seu lugar está cotado Alexandre de Moraes, o truculento Secretário de Segurança de São  Paulo.
Moraes surfou por vários partidos. Sob seu comando, aumentaram as denúncias de violência da Polícia Militar e caíram as punições.
É a mais radical vocação autoritária que passou por São  Paulo desde o infausto Secretário Saulo de Castro Abreu.

Conclusão

Este são  apenas alguns dos fantasmas que surgem no horizonte político, a partir da consolidação do chamado golpe parlamentar. Se não houver um mínimo de bom senso nos próximos dias, o país ingressará em uma aventura política de final imprevisível.

ALIADOS COBRAM FORÇA DE UM PRESIDENTE FRACO

Os principais defensores do governo Michel Temer, que são os meios de comunicação engajados na derrubada da presidente Dilma Rousseff, agora se surpreendem com as dificuldades que o vice vem encontrando para formar um ministério; na prática, ao cobrar uma equipe de notáveis e o corte de ministérios, falam como se Temer tivesse acabado de ser eleito e chegasse com força máxima ao Palácio do Planalto, quando ele ainda é rejeitado pela absoluta maioria da sociedade; sem apoio popular, Temer é um presidente fraco, com legitimidade contestada, e que poderá se tornar refém do baixo clero, formando uma equipe de qualidade inferior à atual – à exceção de sua única âncora, que é Henrique Meirelles...

domingo, 8 de maio de 2016

LAVA JATO PODE ATINGIR TODO O NÚCLEO DO PMDB

A Operação Lava Jato trabalha para ampliar as provas de repasses a políticos do PMDB a partir dos dados de contas e offshores de operadores de propinas; a investida sobre os peemedebistas coincide com a provável chegada ao Palácio do Planalto de Michel Temer, vice-presidente da República e presidente de honra do PMDB; a força-tarefa está próxima de revelar dados e transações capazes de produzir impacto direto no chamado núcleo político do esquema sustentado pelos supostos operadores de propina do PMDB o Fernando Baiano e João Henriques; com isso, estão na mira o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR) - cotado para ser ministro de Temer -, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA) e o senador Valdir Raupp (RO)...

PMDB: O camaleão fantasma...


Quem é, afinal, o partido que assombra o país e o mundo, promovendo um Golpe de Estado em pleno século XXI, sem nenhuma desfaçatez?

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Acompanhado apenas de sua mulher, Cunha assistiu à decisão do STF praticamente calado

A queda Eduardo Cunha assistiu praticamente calado à decisão do STF de apeá-lo da Câmara. No espaçoso sofá de quatro lugares da residência oficial, estavam só ele e sua mulher, Claudia Cruz, num contraste com o assédio dos últimos tempos. Cunha, um dos mais poderosos líderes da história do Legislativo, perdeu o reinado 18 dias depois de votar o impeachment de Dilma. No Palácio do Jaburu, o sentimento é dúbio: Temer pode ter se livrado de um peso, mas ficou sem sua locomotiva na Câmara...

quinta-feira, 5 de maio de 2016

STF CONFIRMA O FIM DA ERA CUNHA: 11 A 0

De goleada, os ministros do Supremo Tribunal Federal acabam de confirmar o afastamento de Eduardo Cunha do mandato de deputado e da presidência da Câmara, conforme havia sido decidido pelo ministro Teori Zavascki na manhã desta quinta-feira; ao defender a manutenção da decisão, Teori disse que Cunha atua com desvio de finalidade para "promover interesses espúrios" e que sua permanência no comando da Câmara causa constrangimento cívico; ministro José Eduardo Cardozo, da Advovacia Geral da União, pretende usar a decisão para anular o impeachment da presidente Dilma Rousseff; "Nós já estamos pedindo e vou pedir. A decisão do Supremo mostra clarissimamente. Indiscutível. Eduardo Cunha agia em desvio de poder", disse Cardozo...

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O relógio de Janot

Pelo momento em que acontecem, as denúncias oferecidas ontem pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, ao STF contra 33 pessoas têm alguns objetivos claros e outros ainda enigmáticos.
O acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral, base principal das denúncias, foi firmado com a Procuradoria Geral da República  pouco antes de ele deixar a prisão, em 19 de fevereiro, lá se vão mais de dois meses. O procurador teve tempo para examinar a peça. Esperou até ontem, mas não pôde esperar mais uma semana para oferecer as denúncias. Seu relógio forçou a coincidência com os dias cruciais que antecedem a votação da abertura do processo de impeachment. Com o pedido para investigar Dilma, não divulgado pelo STF, ele jogou a pá de cal que faltava ao processo...

domingo, 1 de maio de 2016

O DIA EM QUE DILMA DIALOGOU COM A HISTÓRIA

O destino da presidente Dilma Rousseff já parece traçado: no próximo 11 de maio, a primeira mulher eleita presidente da República do Brasil deve ser afastada do poder por um Congresso corrupto, sem ter cometido crime de responsabilidade; mesmo que seja esse o desfecho, ela fez hoje, no Primeiro de Maio, um discurso histórico, em que merecem destaque os seguintes pontos: (1) o golpe fere não só a democracia, mas também direitos dos trabalhadores, que, em breve, serão suprimidos; (2) grande parte da crise econômica atual se deve à sabotagem de um Congresso, liderado por Eduardo Cunha, que apostou no 'quanto pior, melhor', provocando recessão e desemprego; (3) a luta, agora, é mais ampla: em defesa não só da democracia, como também das conquistas sociais dos últimos anos; (4) se a elite rouba a cadeira de uma presidente legitimamente eleita, o que fará com o povo?; assista...